domingo, 20 de novembro de 2011

Devagarinho

As mais belas palavras,
Aquelas mesmas...
As mais desejadas.
Talvez eu não queira mais ouvi-las.
Ou então eu não sei como recebê-las.
Culpa de conceitos,
Medos,
Dúvidas.
Não me resta nada a perder,
Tenho é tudo a ganhar.

E quando olho pra ti minha voz emudece,
A saliva se esvai,
Meus reflexos desobedecem.
Vem-me aquele pertinente frio na barriga
Mas o meu coração,
Ah! Estúpido coração...
Ele não acelera.
O que eu mais quero é saber que te amo.

No entanto,
 Nada como o tempo para me fazer notar o inevitável:
Não quero viver com tua ausência,
Sua presença me detém num estado em que
só a euforia me contém.
Noto, enfim, que uma reformulação bem à altura me convém:
O “eu te amo”, como diria Quintana:
“tem de ser bem devagarinho”.


Por: Ilka Souza

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Conto com a dúvida

Ao caminhar por seus pensamentos ela percebeu, de repente, que não sabia quem era. Notou que o que a intimidava não a atingia mais, e até mesmo o que lhe causava um estopim de emoções agora era irrelevante.

Sentiu aquele cheiro que, há tempos, lhe causava arrepios de euforia e, quem sabe, excitação, mas nada a acometeu. Percebeu que o silêncio da sala vazia preenchido apenas com suas significativas presenças agora causava um peso enorme no ar que respiravam e um súbito esquecimento do que fazer e do que dizer, o que antes seria substituído por um beijo. Exatamente isso: antes. E não hoje. Não naquele momento.

Uma dúvida, no entanto, tornou-se constante em seus devaneios: será que alguém seria capaz, um dia, de provocar-lhe tais sentimentos que outrora sentira por ele?
Isso só o tempo dirá...

Por: Ilka Souza

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O tempo

Salvador Dali
Todos estavam certos:
O tempo traz todos os ensinamentos.
Aprendemos a sentir saudades sem chorar,
Sentir culpa sem enlouquecer,
Errar e se acomodar.

O tempo tem me mostrado que não dei valor a quem de fato merecia,
Não demonstrei na hora certa o que sentia,
Não consertei no momento exato o que havia para mudar.

Sua maior artimanha, nobre tempo, é me fazer aprender vivendo,
E por não ter o poder de te fazer regressar eu tenho que me reinventar
A cada segundo, minuto e hora.
A cada suspiro,
A cada vestígio de vida que me restar.

Por: Ilka Souza

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Sopa de Letras

Membros dormentes,
Mente inquieta...
Decididamente não sei lidar com a ansiedade.
Há medo. Há insegurança.
Medo de errar, de magoar
E até mesmo de acertar.
Contudo, o que ultrapassa todos os limites
É o medo de ser enganada.

Pior do que ser traída por um suposto alguém
É ser iludida por quem mais me convém:
Meu senso de escolha.

Minha cabeça se dissolveu numa verdadeira sopa de letras,
Na qual cada uma delas indica um sabor e um caminho a seguir.
Será que devo provar do doce ou do amargo?
Ou deveria levar-me pelo, talvez insípido, sabor da surpresa?

Por: Ilka Souza

sábado, 13 de agosto de 2011

Reciclagem

Estou precisando urgentemente de reciclagem.
Reciclagem de sonhos,
Ideias e ideais;
Reciclagem de desejos e
Ambições.
Reciclagem de relações,
De coragem,
Situações
E principalmente: Realizações.
Tenho que virar o disco,
Lavar a lente dos meus óculos
E resgatar a minha essência.
Tirarei a cera dos meus ouvidos
E ouvirei o que talvez ignore.
Necessito livrar-me deste comodismo exacerbado.
O que preciso urgentemente é Viver.



Por: Ilka Souza

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Cara eu,

Conheço-te a muito, porém, continuo a não compreender-te.
Vejo que o tempo passa, você muda, as pessoas ao teu redor se transformam, a tua vida  acompanha, mas tua mente não. Os medos, as ânsias e desejos continuam aí, a perturbar-te.
Desejos de ser livre, de viajar, amar, se amar. Desejos de ter coragem e se achar capaz de chegar aonde for. Os outros a vêem como uma fortaleza cheia de determinação, mas ao se olhar no espelho você só enxerga decepção. Por quê?
És forte e capaz, tens o dom das palavras, mesmo que estando em aprimoramento. Tens também o dom de sonhar e isto é essencial na busca da felicidade. Não tenha medo de tentar, não tenha medo de conseguir, por que sim, um dia isto acontecerá e você verá o quão tola foi ao temer o futuro. Perceba que viver o presente é essencial a tua existência, deixa a poesia apoderar-se de ti e transformar o mundo que vês.
A beleza está presente em tudo, basta que ela seja vista, compreendida e vivida.

Com carinho,
                                Eu.



Por: Ilka Souza

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Semblante

Abandono - Oswaldo Goeldi

Felicidade estampada
Euforia,
Animação, 
tudo isso de acompanhamento.
Bonito de ver,
Diria até contagiante,
Se a razão deste semblante
Fosse minha singela aparição.
Um sentimento estranho recai sobre mim,
e este não é expresso em um sorriso.
Egoísmo o meu?
Espero que não.
Eu diria humanidade, afinal,
No reflexo dos seus olhos eu não vejo a minha imagem,
E no sussurro dos teus lábios eu não sinto o meu nome.
Soa tão errado assim querer-te pra mim?


Ilka Souza

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Abraçar o Mundo com as mãos

Abraçar o mundo com as mãos...
Esta frase está em minha mente há dias,
Semanas,
Quem sabe anos.
Pois é, eu ainda não sei o significado destas palavras
Conheço apenas o sabor de querê-las para mim.
Talvez apenas se eu me descobrir,
Se eu tiver coragem de me permitir mudar,
Aí sim, eu consigo convidá-las ao meu dia-a-dia.
O único problema é:
Quando?
Quero deixar o meu legado.




Por: Ilka Souza

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Quando o fim acontece...


É indescritivelmente difícil para mim começar esse texto, não por tratar-se de um assunto desagradável, longe disso, mas por que trata-se do fim de uma parte da minha vida que não voltará: a minha infância.
Cada fase de nossas vidas possui um fato marcante. Creio que o que marcou a minha história até hoje, o que me fez ser o que sou hoje foi a grande descoberta do meu amor pela leitura. E a que remete este fato? Harry Potter.
Nas belas e fortes palavras de Joanne Kathleen Rowling eu descobri um lugar mágico situado em Londres, onde eu poderia vivenciar todas as fantasias que existiam em mim e que, talvez, nem eu sabia. Recebi a carta de Hogwarts no meu aniversário de onze anos, fiz amigos, enfrentei Comensais da Morte, conjurei patronos contra Dementadores, fiquei em detenção depois da aula de poções do Snape, segui as aranhas ao invés de borboletas, abracei a Sra. Weasley, me diverti com Fred e Jorge, admirei os marotos, jurei solenemente que não faria nada de bom, enfrentei dragões, trasgos, a Umbridge, invadi o ministério da magia, roubei o Gringotes e fugi num dragão; me apaixonei, chorei, sorri, torci e sempre fui fiel à minha casa. Depois da terrível caça às Horcruxes descobri as Relíquias da Morte com a ajuda da Hermione, consegui-as e aceitei o meu destino de que EU deveria estar ao lado d’”O Menino Que Sobreviveu” até o último momento, só assim seria possível derrotar “Aquele-que-não-deve-ser-nomeado”.
Sinto-me orgulhosa de ter chegado até aqui, lágrimas me enchem os olhos todas as vezes que leio a dedicatória da tia Jô a MIM, que estive com ela e o Harry até o fim, só me resta agradecê-la por ter me proporcionado a maior aventura da minha vida e mais, por tê-la registrado nas melhores e mais completas invenções da humanidade: as páginas de um livro e   a tela de um cinema.
"É Possível encontrar a Felicidade mesmo nas horas mais sombrias, se a pessoa se lembrar de acender a luz" Alvo Dumbledore (O maior bruxo de todos os tempos)

Por: Ilka Souza

domingo, 3 de julho de 2011

Visão do Mundo Moderno...

...pelos olhos de uma sábia criança de quatro anos.



A.R.(4 anos): - Eu não quero trabalhar quando crescer. Tenho medo dessas coisas que acontecem na rua. Não vou me casar e nem ter neném.
Eu: - Por quê? O neném iria te ‘aperriar’ tanto quanto tu ‘aperreia’ tua mãe?
A.R.: - É!
...
A.R.: - EU NÃO QUERO CRESCER. PRONTO!
Eu: - Então vai morar com o Peter Pan na Terra do Nunca...
A.R.: - Por quê?
Eu: - Por que lá as crianças não crescem...
A.R.: - Pronto eu vou morar na Terra do Nunca.
A mãe entra na conversa:
- E tu vai deixar ‘mainha’ sozinha é?
A.R.: - Eu vou morar na Terra do Nunca!
Acabou o assunto.


Há alguma dúvida de que a espécie está evoluindo??

Por: Ilka Souza

quarta-feira, 22 de junho de 2011

É mais fácil...

Não querer-te,
Não em ti pensar,
Não amar-te,
Não te ver.
Assim não corro o risco de...
Achar que te quero,
Pensar que em ti penso,
Acreditar que o amo,
Mergulhar em teus olhos e
Ver o quanto isto é insano.
Sim, é mais fácil não querer-te.


Por: Ilka Souza

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O sorriso de Helena


Era uma quente tarde de verão. Ela estava parada lá, de frente ao espelho, olhando sua aparência normal e depreciada. Não era feia, fato, mas também não era linda. Normal, apenas normal. Constantemente debruçava-se sobre livros, se perdia em suas histórias, comia, banhava-se, preparava-se e saia para trabalhar. Voltava para casa e tudo se repetia, não havia ânimo, não havia alegria, só existiam os dias e ela apenas os observava passar.

Contudo, naquela tarde tudo mudaria.

Na rotineira ida ao trabalho enquanto caminhava, Helena avistou-o. Seria realmente ele? Ela não tinha certeza. Apertou os olhos e o encarou, era ele mesmo. Não podia ser, ele teve a coragem de aparecer por aqui? Então, ele a viu. Ficou um pouco desconfortável, mas logo recompôs sua expressão e veio cumprimentá-la. Helena disfarçou sua abominação, respirou e sorriu. Ela sabia o que ele fizera, ninguém conseguira provar, mas ela sabia.
Então, Helena e Paulo estabeleceram um diálogo, até riram juntos, foram num bar próximo e tomaram um drink. Com o passar do tempo, ela notou uma sucessão de olhares significativos lançados por ele. Seria sua chance? Ela apenas sorria. Ao terminarem a bebida, despediram-se e ele a convidou para jantar naquela noite, ela aceitou.
Não foi trabalhar naquele dia, voltou para casa. Produziu-se, olhando-se no espelho poderia até se considerar mais bonita do que de costume. Deram 21:00 horas, a hora marcada,e ele ainda não chegara. Será que não viria? 21:15 e os olhos no relógio, será que perderia sua única oportunidade? 21:30 a campainha toca. Ela se recompõe. Abre a porta.
Ele estava belíssimo, seria impossível ignorar. Chegando ao restaurante, muito fino, diga-se de passagem, sentaram-se numa mesa e fizeram o pedido. Jantaram, conversaram e conversaram, quando ela deu por si já estavam na casa dele.
- Eu sempre soube que você me queria - disse ela, com um olhar sedutor. – Só andava com meu marido por esta razão.
- Ah soube? Mas você nunca me demonstrou isso.
- Bem, agora estou fazendo mais que isso não é?
- Estou vendo. – Disse ele beijando-a.
- Por isso você o matou não foi? – Perguntou Helena.
Ele parou um pouco e olhou-a. - Como você pode dizer uma coisa dessas?
- Ah, admita. Na verdade você apenas me fez um favor, se você não fizesse, eu mesma o faria.
Paulo olhou-a um pouco desconfiado, mas manteve-se calado. Helena tornou a beijá-lo.
Então, sem que ela esperasse, ele a puxou para si com mais força.
- Sim, eu matei aquele idiota. Sempre sonhei em ter de você o que estou tendo agora!
A noite seguia. As luzes se apagaram.
Naquela manhã, debruçada no sofá, uma xícara de café de um lado, o jornal do outro, ela ouvia o noticiário: “Homem é encontrado morto com facada no peito em seu apartamento. Não há suspeitas sobre quem cometeu o crime (...)”.
Helena comeu, banhou-se, se vestiu e foi trabalhar, sua rotina seguia normalmente. Só havia uma diferença: agora ela sorria.

Por: Ilka Souza



Monocromático


Ela andava sozinha naquela rua vazia.
Tão vazia quanto seu eu, depois daquela noite tardia.
De um colorido invejável,
Seu coração dilacerado, agora apenas monocromático
Batia.
Apenas batia.
Será que pararia?
Ela não se importava.
Seguia.
Apenas seguia.
Ao adentrar sua casa,
Uma velha e comum umidade lhe preenchia a face.
Não havia mais fotografias
Ela rasgara.
Não havia mais familiaridade alguma,
Ele a tirara.
Com um breve lampejo ela lembrava
Quando por uma velha e pequena jóia
A vida de sua mãe lhe fora arrancada.


Por: Ilka Souza



terça-feira, 3 de maio de 2011

...

Ânsia. Luta.
O sabor da busca.
Desespero de desejos?
Felicidade nos êxitos?

Mas não sei o que anseio...

Os sonhos se confundem
Enquanto oportunidades surgem,
Mas será o caminho certo?
Ah,
O futuro é tão incerto!
Dai-me Pai uma dose de coragem,
Apenas uma,
Para que as estradas não me devorem, afinal,
estou sem rumo em um mundo de apuros!
Sentimentos...
Basta que fluam.


 Por: Ilka Souza

domingo, 17 de abril de 2011

Corre, só corre

Eu o olho
Ele impiedosamente se move
A escolha está a um passo
Mas o tempo, deliberadamente, corre
As opções me devoram
Minh’alma discorre
Num tic-tac uniforme, o tempo
Ele corre.
No avançar dos minutos
Me vejo no fim do mundo
Enquanto todos aguardam
Eu me mover num segundo.
Sigo.
Os ponteiros disparam,
As horas se passam,
O relógio trabalha
Enquanto ele corre,
Só corre
O tempo...
Me socorre.


Por: Ilka Souza

(Primeiro poema que eu entreguei na aula de prática I, no curso de letras da UPE...há poucos dias)

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Alívio

Aceite!
Vá!
Faça!
Tente!
Minha cabeça ninguém entende.
Enfim,
Eu digo:
- NÃO!
Aaah!
É um alívio.




Por: Ilka Souza

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

sete de fevereiro de dois mil e onze.

Sabe o que é melhor do que lembrar momentos bons?

Repeti-los.

Principalmente quando se trata dos amigos.

Podemos viver dias sombrios, fases inacreditavelmente infelizes e perdidas, mas quando se tem ao lado o sorriso daqueles que te querem bem, tudo se transforma.

Conversas, fotos, fofocas, comilança, sorrisinhos e muito BLÁ BLÁ BLÁ... Todo mundo precisa disso uma vez na vida, nem que seja anualmente. Acho que isso impede que nos afastemos do que nos faz tão bem pelo simples comodismo da preguiça e ocupação (tá não é tão simples assim, admito), mas é algo que pode ser contornado, principalmente quando estamos perto de vivenciar novas e desconhecidas fases em nossas vidas.

Dias como estes nos fazem dormir felizes e agradecer cada vez mais à vida, por tudo o que fomos, somos e seremos, e principalmente às pessoas que fazem de cada uma destas fases tão especial.

Passamos um dia de “turista” em nossa cidade mãe, afinal, todo Recifense é um eterno turista em suas origens!


Por: Ilka Souza

sábado, 15 de janeiro de 2011

O meu sossego não se manifesta

Minha falta de vontade não se distrai.

Queria poder sorrir internamente,

Já que o externo se tornou comum demais.


Por: Ilka Souza