sexta-feira, 20 de maio de 2011

Monocromático


Ela andava sozinha naquela rua vazia.
Tão vazia quanto seu eu, depois daquela noite tardia.
De um colorido invejável,
Seu coração dilacerado, agora apenas monocromático
Batia.
Apenas batia.
Será que pararia?
Ela não se importava.
Seguia.
Apenas seguia.
Ao adentrar sua casa,
Uma velha e comum umidade lhe preenchia a face.
Não havia mais fotografias
Ela rasgara.
Não havia mais familiaridade alguma,
Ele a tirara.
Com um breve lampejo ela lembrava
Quando por uma velha e pequena jóia
A vida de sua mãe lhe fora arrancada.


Por: Ilka Souza



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