Carnaval - Tarsila do Amaral |
Acordou mudada, sentiu a falta do que viria, sentiu a falta do novo. Disponibilizou-se a sorrir novamente (o movimento dos maxilares para tal ato ainda doía um pouco, mas assim como qualquer contusão muscular logo passaria). Não deixaria as páginas desbotadas de um vão passado mancharem os seus dias.
Cores, música, sabor, encorpavam seu livre almejo. Novas perspectivas a esperavam e a possibilidade do novo a inebriava. Inéditas palavras saltavam de sua mente, recheadas de uma poesia nunca dantes proferida, uma poesia em reconstrução, aquela que reescreveria sua vida...
Serpentinas começavam a cair, máscaras voltavam a ter como função ocultar enigmaticamente belezas desconhecidas. Cambaleante, ela se propunha a levantar. Os maus pensamentos logo ficariam a esmo. Precisava recomeçar.
Iluminada assiduamente pelo sol, a lua, aos poucos, voltava a brilhar.
O belo mais uma vez remanesceria ao grotesco.
Alegria meus senhores, alegria...
Era tudo o que esperava para si.
Por: Ilka Souza
Um comentário:
É assim que me encontro
Nessa ânsia de me encontrar
De viver alegra apenas...
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